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Validação do Teste de Liberação In Vitro Desenvolvido para Formulações de Ácido Retinóico

O desenvolvimento de uma metodologia de teste de liberação in-vitro para formulações semissólidas de ácido retinóico foi descrito no nosso post anterior. Se você perdeu, clique aqui

Normalmente, formulações farmacotécnicas, sabidamente com problemas, são sujeitas a uma validação analítica. Nesse caso, o método foi primeiro validado utilizando-se um produto comercializado nos Estados Unidos, o RetinA® Creme. Em seguida, o método foi aplicado em formulações que estão sob investigação com diferenças conhecidas para confirmar a habilidade desse método de diferenciar entre as formulações que contém as variáveis que estão sendo exploradas.

Os parâmetros validados foram:

  1. Reprodutibilidade: variação célula-a-célula e o critério utilizado para aceitação ou rejeição de dados individuais;
  2. Exatidão: igualdade entre lotes produzidos da mesma composição testada em tempos diferentes;
  3. O efeito da dosagem sobre a taxa de liberação;
  4. O efeito de mudanças na composição sobre a taxa de liberação;
  5. O efeito de mudanças nos parâmetros do processo sobre a taxa de liberação;
  6. O efeito das mudanças na viscosidade da formulação sobre a taxa de liberação.

Comentários sobre os resultados da validação

Reprodutibilidade: variação célula-a-célula e o critério utilizado para aceitação ou rejeição de dados individuais

Na ausência de calibradores do aparato de célula Franz, como padrão interno, o Retin-A® Creme 0.025% foi usado como referência. Além disso, a inclinação e o coeficiente de correlação para a reta descrito pela raiz quadrada do tempo (eixo x) e a quantidade de ativo liberada acumulada por área superficial (eixo y) foram calculados para cada célula diariamente. As retas com a correlação superior a 0,98 foram rejeitadas.

Exatidão: igualdade entre lotes produzidos de mesma composição testada em tempos diferentes

Lotes diferentes da formulação de ácido retinóico sob investigação de composição idêntica, preparado pelo mesmo processo resultaram em valores de inclinação bastante comparáveis em diversas ocasiões.

O efeito da dosagem sobre a taxa de liberação

A taxa de liberação in-vitro de ácido retinóico do Retin-A® Creme 0.025%,0.05% e 0.1% foram determinados usando-se as condições descritas anteriormente. A taxa de liberação e o valor total de ativo liberado são proporcionais à força de Retin-A® Creme em etanol 65/35 (v/v) : pH 5,5 tampão fosfato: etanol (65:35 v/v). Os perfis de liberação dos mesmos três lotes de formulação de ácido retinóico sob investigação, dois de concentração 0,025% e um 0,05%, foram submetidos às mesmas condições do padrão interno, e a mesma proporcionalidade foi observada, embora a taxa de liberação inicial é mais lenta.

Desta forma, a correlação linear entre os valores cumulativos médios de liberação de ácido retinóico versus a raiz quadrada do tempo existe depois da primeira hora de teste.

O efeito de mudanças na composição sobre a taxa de liberação

As duas formulações de 0,025% de ácido retinóico sob investigação foram produzidas pelo mesmo processo. Praticamente não foi detectada a liberação de nenhuma quantidade de ácido retinóico da primeira formulação enquanto quantidades significativas foram liberadas da segunda formulação. A segunda formulação continha o dobro da quantidade de emoliente e modificadores adicionais quando comparada à primeira formulação. Existem diferenças também entre as formulações no que se refere à viscosidade (veja discussão no item 6).

O efeito de mudanças nos parâmetros do processo sobre a taxa de liberação

As formulações de ácido retinóico foram comparadas em termos de liberação in-vitro ao se alterarem os meios em que eram dissolvidas na sua produção: dissolvidas diretamente na fase oleosa ou pré-dissolvidas em um solvente orgânico.

A liberação de ácido retinóico foi maior quando o ativo era incorporado primeiro em um solvente orgânico, seja completa ou parcialmente, antes de ser dissolvido na fase oleosa. O aumento de escala laboratorial para a produção não foi analisado nesse estudo de caso. Para as formulações sob investigação, o scale-up de um lote de 3kg para 100kg não afetou a taxa de liberação do protótipo da terceira formulação, enquanto teve um efeito significativo para a segunda formulação.

O efeito das mudanças na viscosidade da formulação sobre a taxa de liberação

Viscosidade é um dos atributos chave para dosagens de formulações semissólidas. O impacto significativo das mudanças de viscosidade na taxa de liberação in-vitro de ácido retinóico das formulações investigadas foi observado. O resultado do estudo mostrou que a liberação in-vitro de ácido retinóico é inversamente proporcional à viscosidade da amostra.

Conclusões

  1. O teste de liberação in-vitro de ácido retinóico mostrou diferenciação quanto às mudanças na composição, certos processos de fabricação e viscosidade das formulações;
  2. O teste de liberação in-vitro desenvolvido para formulações de ácido retinóico provê uma ferramenta muito útil para controlar e analisar a qualidade do produto e a similaridade conforme requerida pela norma SUPAC-SS;
  3. Deve ser observado que o teste de liberação in-vitro só é válido para aqueles parâmetros testados;
  4. Experimentos como a difusão reversa de álcool (no meio receptor) da formulação e a sensitividade do método (discriminação mínima entre diferenças de concentração) para cada variável devem ser especificamente determinadas como parte da validação completa da metodologia.

Saiba mais sobre Permeação Cutânea.

Conheça o Estudo de Caso: Desenvolvimento de Metodologia de Teste de Liberação In Vitro de Formulações Semissólidas de Ácido Retinóico

ANVISA, Parâmetros da validação analítica, Permeação Cutânea, Testes farmacêuticos